Celebre
É preciso celebrar a vida. Agora, nesse exato momento. Nós sabemos de memória o quanto dói não poder tocar, abraçar, cantar junto, compartilhar o copo, as mãos, o espaço. Não faz muito que isso era um sonho distante. E só me esforço em lembrar porque a dor é parte do processo, mas não precisa ser a parte mais marcante. Que a celebração seja. Que o respiro seja. É preciso celebrar a vida, aceitar suas dores sem receio, mas é preciso deixar ir. A graça mora na impermanência. Do riso, dos agradecimentos, da dádiva, da leveza. Seguimos lutando contra nossos demônios, mas lembrando do conselho cantado “é preciso estar atento e forte”. Atentos pra reconhecer os inimigos e não fazer da vida um deles. Já temos preocupações demais. Viver é desafiador mas pode ser bom. É preciso que seja, pra todos. O sonho é esse. E viver atento aos inícios, meios e fins nos faz perceber o recado gentil da vida que diz com a mão pousada em nossos ombros: “celebre”.